Nosso próprio tempo

Ao ver a foto da Nega Lu desenhada na parede lateral de uma casa, minhas lembranças viraram do avesso, como pipocas numa panela. Sem saber porque, surgiram na mente as músicas de Renato Russo.

Em casa, resolvi escutá-las. Aqueles versos e estrofes cantadas, gritadas e admiradas, atualmente me dão arrepios. Percebi que, agora, estou do outro lado do bar.

Em “Pais e filhos” tem um parágrafo que diz o seguinte: “…Você me diz que seus pais não te entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo São crianças como você…” Hoje, já não culpo meus pais. Hoje, sou culpada. Hoje, queria um colo deles, afinal, como diz a música, somos crianças como vocês.

Com esses pensamentos me certifico que envelheci, e não venham me dizer que não se envelhece e sim ganha-se experiência, porque isso é apenas uma forma delicada de fazer com que aceitemos o inevitável, as rugas e os cabelos brancos.

Ainda absorta em meus devaneios vem a música “Tempo perdido” e começo a chorar. Como uma música de 1986 pode ser tão atual? Alguns versos combinam direitinho com o meu momento. “… Todos os dias quando acordo/ Não tenho mais o tempo que passou….”. “Não temos mais tempo a perder” “…Temos o nosso próprio tempo (bis) …. somos tão jovens, tão jovens.”

Termina a música. Olho as horas. Não tenho mais todo o tempo do mundo pois não sou mais tão jovem, mas posso ter o meu próprio tempo.

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