Uma homenagem à Mário Quintana

Observando a estátua em homenagem à literatura brasileira situada em Porto Alegre, onde se vê Drummond, lendo um livro (que já foi roubado do monumento) para Mário Quintana: desandei a pesquisar se os dois chegaram mesmo a se encontrar naquela cidade.

Não descobri, mas naveguei por um universo lindo de citações, poemas, entrevistas, que essa curiosidade ficou em segundo plano.

Vou contar um segredo – que não me escutem por aí: nunca tive paciência com poesia. Eu sempre fui inquieta e o poema tem que se levar um tempo para degustar. Eu gostava de devorar os livros, numa curiosidade para ler a próxima página e chegar logo ao fim. Muitas vezes varando a noite de tanta ansiedade. Agora um pouco “menos garotinha”, descobri os poemas. Tenho tempo de me quedar e ficar saboreando cada palavra. Então posso dizer sem pudor que não conheço a escrita de muitos poetas. Do Drummond um cadinho mais por ser mineira – nosso grande poeta. Do Quintana um pouquinho só, até aqui.

Me encantei por ele. De saber da sua luta pela liberdade do escritor e contra o que chamava de “praga de escritores especializados’’. Ele dizia, “ser muito mais do que uma forma de escrever e sim um jeito de ser”. Encantador o jeitinho que ele falava de si mesmo. “Minha vida está nos poemas, meus poemas são eu mesmo. Nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.” Foi chamado de poeta das coisas simples e olha a delicadeza do título da sua autobiografia.” A luta amorosa com as palavras”.

A minha identificação foi imediata com o que disseram: “Quintana foi um andarilho, que vasculhou Porto Alegre com a atenção de quem explora um mundo secreto”. Ando por aí, assim como o meu mais novo amigo, sempre com um olhar de quem vai descobrir algo a qualquer momento. Definiu-se, certa vez, “como um apanhador de poemas, que observa para acolher”. Mas não posso dizer que acolho poemas com facilidade, sai junto com muito caldo.

Agora, fiquei tiririca da vida quando fiquei sabendo que no Museu da Língua Portuguesa homenagearam até o Cazuza – não é que eu tenha algo contra ele – grande poeta também. Mas pasmem, nada de nadica para o nosso lindão Mario Quintana, que a mineirinha aqui, está repleta de amores.

Vou encerrar com a difícil escolha de apenas algumas frases dele :

A vida fica muito mais fácil se a gente sabe onde estão os beijos de que precisamos”.

A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.’’

…poesia é insatisfação, um anseio de autossuperação. Um poeta satisfeito não satisfaz”.

E por fim o poema mais célebre:

Todos esses que aí estão atravancando meu caminho. Eles passarão, eu passarinho”.

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