Nem Maria, nem Larissa

Nem Maria, nem Clarisse. Tampouco Ana ou Larissa.

Quiçá senhora, ou senhorita.

Rendeira ou camponesa?

Talvez uma boia fria.

Quarenta, cinquenta ou sessenta?

Com certeza já saiu dos trinta.

Na cabeça traz um presente?

Há quem diga que é o que sustente.

E no punho um facão?

Mais certo uma reação.

Seu olhar é de desgraça?

Eu diria, de ameaça.

E a pele enrugada?

Mais parece um pergaminho.

Ah, e esses olhos negros, o que querem me falar?

Confesso, não sei o que comentar.

Não sou Maria nem Larissa. Nem senhora nem senhorita. Tive momentos de senhora, outros de senhorita. Nem rendeira, nem camponesa, apenas trabalhadeira. Idade? O que isso importa? Minha cabeça, meu sustento. Na mão, sempre um facão: é preciso cortar picão. Não receie meu olhar. Não sou eu que ameaço. Talvez você. Minha pele traz história. Cada ruga uma lamúria, cada dobra uma alegria. Ah, e meus olhos? Dizem que são cansados. Eu diria que ainda não estão fechados.

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