Viajar é muito bom. Faço sempre que posso. Muitas vezes. O que pode aumentar ou diminuir o número de passeios é o poder de financiamento e a distância que o objetivo se encontra. Como moro em um estado que não é o meu natal, bate e voltas de final de semana são as opções mais viáveis. O tempo de viagem de até quatro horas é uma boa referência.
Uma das emoções mais interessantes do viajante é quando ele reconhece estar dentro da cidade que foi visitar. Em muitas pequenas cidades há o nome escrito na entrada, em letras garrafais. Outras nos cumprimentam com seus portais, discretos ou não, bairristas sempre, avisando do que se orgulham seus habitantes. Como diria o Roberto: “são tantas emoções!”
Quando as cidades já tem um bom tamanho e exibem várias entradas, fica sempre a dúvida se já estamos em seu solo ou se ainda rodamos na sua zona rural, muito afastados do centro onde pulsam as características locais. O crescimento se deu do núcleo original e foi expandindo até onde pode colocar os pés, longe o bastante para se descaracterizar. Ou não. De toda forma, só vamos nos certificar quando reconhecemos as praças, as avenidas, o comércio e serviços do local.
Ao entrarmos em uma das grandes cidades, ou nas metrópoles, nos deparamos com paisagens muito difusas. São repetições de um mesmo tema, de paleta cromática pouco variada, de base cinza ou marrom. Um preço do gigantismo, do “progresso” e da desfiguração das origens, replicando estruturas que parecem indicar melhoria.
Não vou ser perverso em dizer que não chegamos a identificar a realidade de uma urbe metropolitana. A essência da cidade está lá. Pode ser que visitemos várias vezes ou até moremos lá por anos e não cheguemos a conhecer. Existe uma forma de reconhecer seus limites, saindo do chão, voando, filmando com um drone. Ainda assim vai ficar a presença do quanto você não vê com a distância.
Fica a certeza da canção do Caetano: “quem vem de outro sonho feliz de cidade aprende depressa a chamar-te de realidade”.