Dedo de gente

Pouco dotada de belezas naturais, os porto-alegrenses foram criando as marcas da cidade.

Passamos a identificar o Centro como Histórico, embora não seja central e tenha seu estilo descaracterizado por sucessivas intervenções de gosto variável.

A Rua da Praia ficou distante da água e, para mantê-la assim, foi construído o Muro da Mauá, cuja utilidade jamais precisou ser testada.

O Mercado Público, prestes a ser privatizado, resiste com dificuldade ao descaso por serviços prestados.

Indígenas Guaranis e Kaingangs transitam pelas ruas sem abrigo, mas temos um Forte Apache para mostrar quem manda e desmanda.

A Terceira Perimetral, que cruza a cidade em vez de a contornar, retarda o trânsito dos automóveis pelo sem-fim de sinaleiras e não beneficia os passageiros dos ônibus, pois os horários estão cada vez mais escassos.

O Guaíba já foi rio, mas hoje está classificado como lago. E quem se importa, desde que o pôr do sol passe a ser privativo de empreendimentos comerciais?

O Gasômetro, que não gerava gás, foi construído ao contrário, e hoje aponta para o céu um dedo que não é de Deus, mas da gente que o construiu.

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