– Etelvina , cê tá vendo aquele menino espoleta ali pulando na praia? Nem te conto menina. Se ocê subesse a história dele nem creditava.
– Ele é filho de quem, Cidinha?
– Cê num conhece não. Aliás eu também num conheço. Mas a Tonha Lavadeira, contou para a Mercês das Couves que me contou. Ela escutou quando estava lavando roupa na casa da mãe dele.
– Que coincidência eles te vindo passeá na mesma praia que nos. Mas tamém mineiro vem tudo prá cá num é mermo? Mas me conta Cidinha, que se assucedeu com este menino? E cumé cê reconheceu ele, sá?
– Agora que ele cresceu a Tonha indicou a Mercês pra trabalhá de arrumadeira na casa e ela busca o menino com o motorista na escola. Outro dia eu tava passano e ela me apontou ele de dentro do carro – querendo dizer – é este aqui da história que te contei.
– Na verdade Te, tudo começou quando a mãe dele ficou sabeno que tava grávida. Ela resolveu fazer um exame maluco lá e ficou sabeno que a criança tinha uma doença com um nome muito estranho. Acho que era parau, patau, que fazia a criança nascer cheia de defeito. O pior de tudo ce num sabe. O marido dela já tinha falado que não queria outro filho. Ela ficou apertadinha que nem só. Sem saber o que fazê. Nem passava na sua cabeça desisti da sua criança, mas e o pai como ia reagir? A Tonha escutava ela chorando com a irmã no telefone e contano essas coisas e ficava com muita dó dela. Eu só sei que a gravidez foi para frente e quando o menino nasceu, num é que ele era perfeitim. Ninguém entendeu nada. Passado um tempo era dia de lava roupa e Tonha tava lá . Foi quando chegou um pessoal do laboratório com toda cerimonia. Ela que era danada de curiosa correu e pode ouvir direitim quando eles falaram que os exames foram trocados e que o menino não tinha nada de nadica. Ce credita nisto Tê! Agora tô eu veno ele ali pulando igual um cabritinho. O menino nem sonha . Já pensou? Poderia nem de tê nascido.
– Que coisa né Cidinha. E o que será que foi feito do outro menino, sá?
– Ah! isso ninguém me contou.
– Deva ser que é de outra cidade, né!
– Porque se fosse da nossa, nos já sabia: eta povo fofoqueiro desse lugar.