Terry Widener por Regina Lydia

Nós e Elas

Regina Lydia Rodrigues Jaeger

Elas são duas, mas valem por bem mais. Fazem parte de nós de uma forma tão fundamental, que é difícil nos imaginar sem: insubstituíveis. São ágeis, multiuso, podendo ser brutas ou delicadas; acariciar ou ferir; pegar ou largar; lutar e defender, fazer a guerra ou a paz. Quando nos conduzem, nos envolvem em segurança e proteção. Também poderosas, capazes de provocar a cura ou a morte. Trabalham em conjunto ou cada uma por si, conforme a situação exigir. Fazem tarefas simples ou complexas, com habilidade e precisão. Nossa aprendizagem, trabalho e sobrevivência passam por elas, dependem delas. Na infância, nos ligam aos nossos genitores, aos professores, aos companheiros de brincadeiras, nos levam às descobertas; na adolescência, nos ajudam nas novas experiências; na idade adulta, aos afazeres. E na velhice? Voltamos a ser conduzidos por elas, junto a algum ente querido, com afeto, até a despedida final. Unidas, oram a Deus; separadas, blasfemam ou protestam; impostadas, nos abençoam ou nos reequilibram. Silenciosas, falam perfeitamente por sinais, sempre presentes em nosso dia a dia, nas chegadas e partidas. Obedecem a seu dono, mas pode chegar o momento em que não o atendam mais. Caso extremo. Quentes ou frias, com textura suave ou rugosa, emanam energia e vibrações. E são reveladoras ao se unirem a outras duas, principalmente no amor.

Ah, no Amor! Nele são protagonistas ao primeiro toque, no primeiro arrepio que nos toma o corpo por inteiro. Aquele frio na espinha e calor no coração. Elas são como um imã, atraindo dois seres em uma mesma sintonia. Quantos afagos, quanta intensidade e quanto prazer são capazes de dar. Quando se entrelaçam, conectam as emoções de cada um, selando a relação. Não estamos mais sós. Elas estarão ali firmes, ligadas, renovando e reinventando o amor a cada toque: que seja infinito enquanto dure.

Elas estão eternizadas no afresco de Michelangelo, “A criação de Adão”, uma de suas obras primas na Capela Sistina. A de Adão, ainda débil, sem força vital, se estende em direção à de Deus, figura imponente, que estende a sua com firmeza para lhe transmitir vida. Insinuando o momento da criação, nos deixam em suspense.

Elas, as mãos, quase a se tocarem…

gostou? comente!

Rolar para cima