Camilla Duncan em foto de Gabriel Munhoz

Serafina

Camilla Duncan

Com seu caminhar gingado, desponta Serafina, bela e formosa. Sorriso confiante. Moça mais cobiçada da cidade. Só tinha olhos para Jacinto: paixão não correspondida.

Serafina logo resolve encomendar um trabalho e recorre à Sebastiana. Mãe de Santo conhecida por solucionar causas impossíveis.

Investe seu minguado salário de balconista em banhos de ervas e num boneco forrado com terra de cemitério.

Em um final de tarde, Serafina ouve rumores sobre o retorno de Jacinto à cidade. Retoca o batom carmim. Alisa o vestido floreado e dirige-se à casa dele tão rápido quanto permitem seus saltos agulha.

Ao virar a última esquina enxerga próxima a Jacinto uma deslumbrante loira. Serafina congela num sorriso. Seus olhos tornam-se sombrios. Volta sobre seus passos carregados de pensamentos. Indignada com o dinheiro gasto nos trabalhos por não ter obtido êxito no seu intento.

Retira da bolsa o boneco que sempre carrega consigo, alfinetando-o. A cada alfinetada despeja sua ira e o enterra na mata junto com seu sentimento.

No dia seguinte, bate a sua porta a loira vestida de preto e com voz embargada diz: Sou a secretaria do doutor Jacinto e venho informar que seu velório será às dezoito horas.

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