Retorno

No embalo da água seguem meus pensamentos. Fecho os olhos, a viagem está prestes a começar. Poder incrível esse de me teletransportar em energia pura, gerada por fragmentos de minhas lembranças, por mais longe que eu esteja nunca saem de mim.

Visualizo todos os detalhes. Impossível não me emocionar mirando o rio que me fascina desde a infância, encontro das águas turvas denotando as convergências de seus afluentes que misturam-se dançando num vai e vem misterioso.

Seduzida pelo céu pintado entre nuvens e lindos armazéns por onde passaram todo tipo de história, sigo minha jornada.

O cais onde aporto minhas memórias é um cartão postal onde habitam lindas cores e um pôr do sol que vira espetáculo tingindo o horizonte com tons quentes e vibrantes. Um velho senhor centenário que passou por tempos de glória e declinío, mas nunca perdeu a majestade.

Sigo conduzida pela força que eleva meus olhos para alto. Ela se destaca linda e imponente apesar de sua chaminé não fumegar mais em meio a cidade e vou além imaginando como deveria ser bela a iluminação feita pelos lampiões de gás que abasteciam os arredores.

Gostosa sensação de ser abraçada por esse calor que esquenta minha alma. A quimíca dos sentidos se fazendo presente no mais íntimo do meu ser.

Ao fechar o olhos e abrir o coração, cruzei as fronteiras que me separam de minha terra e por instantes voltei às minhas raízes.

Há momentos na vida em que o tempo é generoso conosco, quando temos nem que por um instante uma recordação como essa.

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