Rainha da Sucata

Marina estava em busca de objetos antigos e curiosos para decorar seu novo café. Sua ideia era fazer um espaço bem disruptivo que auxiliasse as pessoas no processo de criação artística, seja para textos, pinturas, cinema, qualquer tipo de arte. Inclusive sua intenção era atrair oficinas para ocorrer em seu espaço. Era um sonho de anos que agora estava por se realizar.

Sua busca não tinha preconceitos, visitava antiquários, ferro velho, olhava os lixos do seu prédio, objetos abandonados na rua. Não satisfeita somente com o seu poder de pesquisa, solicitou ajuda também para parentes e amigos próximos. O pedido era que, se achassem algo interessante mandassem para ela fotos ou vídeos por Whatsapp.

Aos poucos ela foi começando a encontrar quadros, telefones antigos, vitrolas, aparelhos de televisão com mais de cinquenta anos. Amigos mandavam fotos de livros antigos, LPs, canetas de tinteiro entre outros objetos. Marina aprovava a grande maioria. Alguns deles os próprios descobridores lhe traziam. Outros ela ia buscar e normalmente já voltava com algo mais junto no seu inconfundível Fusca 76.

Numa dessas idas a ferro-velhos, encontrou dois objetos que achou o máximo para fazerem parte da decoração completamente fora do padrão que pretendia para o seu estabelecimento. O primeiro era uma roleta de ônibus que pretendia colocar na porta, e que quando algúem entrasse, girando a roleta tocaria uma campainha para avisar os funcionários. O segundo objeto era uma porta de carro, um Opala mais ou menos da mesma geração do seu Fusca. Para ela ainda não tinha uma ideia certa do que seria feito, mas pensava em entregar para algum artista fazer uma composição para então sim virar uma obra de arte e decorar o café.

Chegado o dia da inauguração, o Atelier de Ideias estava todo decorado com os objetos encontrados por Marina e sua equipe. A campainha da roleta tocou durante a tarde e a noite daquele sábado, os artistas, amigos, imprensa e demais convidados eram só elogios para o bom gosto inusitado da decoração do local. A agenda do espaço para oficinas já era um sucesso, e Marina também estava começando a trabalhar com a venda de artigos decorativos ao seu estilo para terceiros. Nunca imaginou que faria do lixo, um luxo.

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