Pampa

“Mas que pampa é essa que eu recebo agora. Com a missão de cultivar raízes. Se dessa pampa que me fala a história. Não me deixaram nem sequer matizes?”

Engenheiros do Hawaii

Era dezembro de 2011, final de primavera, provavelmente férias. Minha irmã ainda vivia e eu não havia me separado.

Não tínhamos dinheiro para viajar à Europa, ou seguir a famosa Rota 66 na América do Norte. Decidimos viajar pelo interior do Rio Grande do Sul. Um território vasto e um tanto desconhecido por nós. Naquela viagem optamos por ir a São Miguel das Missões, passando antes em Frederico Westphalen e Ametista do Sul. E por quantas localidades se passa até chegarmos em Frederico Westphalen! A BR386 é uma estrada sem fim rumo norte, partindo de Canoas.

Na época, a cidade de Frederico abrigava uma feira de Natal e um festival de danças. E Ametista era um pequenino núcleo urbano, com meia dúzia de ruas, cujo acesso era em boa parte por estrada de terra.

Retornando para o sul, a caminho de Santo Ângelo, a polícia rodoviária nos parou. Nada demais. O norte do estado, próximo de Santa Catarina e da Argentina, é caminho para o contrabando e o tráfico de drogas ilícitas.

Santo Ângelo é marcada pela tradição missioneira, embora tenha recebido diversas etnias após o território das Missões ter sido entregue a Portugal na segunda metade do século XVIII.

No caminho entre Santo Ângelo e São Miguel, encontramos um café colonial na beira da estrada. Um café colonial tão longe do circuito Gramado e Canela! E na minha memória com preços bem mais acessíveis que os cafés dessas tradicionais estâncias turísticas.

Em São Miguel eu fiquei bastante impressionado com as ruínas da antiga catedral, uma imagem que se oferece logo que se chega à cidade, uma imagem, repito, impressionante. Pensando bem, para quem já foi ao Rio de Janeiro, algo como estar no Aterro do Flamengo, indo para Copacabana e ver o Pão de Açúcar.

Depois de estar entre as ruínas, patrimônio da humanidade, foi necessário retornar para casa.

Nesse rumo ao sul, em algum cruzamento que, imagino, era não muito longe de Cruz Alta, o Pampa se apresentou em toda sua grandeza. Um cruzamento próximo de uma colina. O campo a perder de vista. O céu mais imenso do que eu podia me lembrar. Chovia fraco. Cada vez que me lembro, acho uma pena que não pude fotografar. Tanta imensidão e tanta beleza deveriam ser um lugar para me deixar mais perto de Deus.

Este cruzamento no centro-norte do estado é um lugar que não tenho certeza de onde é, mas se tornou um lugar mítico, para onde eu gostaria de voltar.

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