O que aconteceu com o Brasil?

Goste você de futebol ou não, se cresceu no Brasil sabe que sempre fomos conhecidos como o país do futebol. Se joga futebol nas escolas, nas ruas, praças, praias e parques. Mais fácil dizer onde não se joga, onde não se fala de futebol. É sem dúvida uma das paixões nacionais. Embora com certeza muita gente não gosta, não se importa. Aliás, esse é um movimento que vem crescendo com o passar dos anos.

Somos o país do Pelé, rei do futebol que nos deixou há menos de um ano. Provavelmente o esportista mais famoso do mundo, mesmo tendo encerrado a carreira há quase cinquenta anos. Somos também o único país a disputar todas as copas do mundo e o maior vencedor, com cinco conquistas. Tudo isso gera uma grande identidade mundo afora relacionando o país com o futebol e com Pelé.

Em 2014 o Brasil sediou a Copa do Mundo pela segunda vez e acredito que tenha sido fora do campo uma das melhores edições da competição. Dentro também foi uma grande copa, com exceção da eliminação vexatória do Brasil no Mineirão, mas fora fomos muito bem, tudo saiu dentro do previsto. Fomos muito receptivos e os visitantes em quase sua unanimidade adoraram o Brasil. Marcamos um golaço. Acredito que os dividendos que deveriam vir com o crescimento do turismo ainda não vieram, infelizmente.

Mas e dentro de campo? Pois lá também estamos em crise no futebol. Depois do vexame de 2014, morremos cedo também na Rússia e no Qatar. As quartas de final podem ser satisfatórias para muitos outros países, mas do Brasil se espera mais. Somos o país que mais exporta jogadores(leia-se talentos) para o mundo, mas porque não conseguimos mais resultados dentro de campo? A bem da verdade temos muitos bons jogadores, mas não os melhores da atualidade. E sempre ganhamos com jogadores geniais em campo: Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo e Ronaldinho. Atualmente os dois melhores do mundo nos últimos quase vinte anos não são brasileiros e tem somente uma copa. A do Messi de 2022. Itália, Espanha, Alemanha e França ganharam títulos sem ter um gênio. E isso nós nunca conseguimos. Ganharam pelo coletivo e organização.

Tenho uma tese que repito há alguns anos. Embora a grande maioria dos jogadores de futebol ganhe muito pouco, quem chega na ponta do iceberg e joga na série a do Brasil ou nos grandes clubes da Europa, ganha salário muito acima da média e já atingiu seu objetivo social e financeiro. Por isso acredito que seria necessário um trabalho de base para o futebol formar atletas competitivos, como temos em tantos outros esportes ganhando muitas vezes menos do que no futebol. Isso teria que vir dos formadores, dos clubes, empresários e se possível até mesmo da família.

Do contrário vai ser cada vez mais comum a cena que aconteceu comigo em Moscou, pouco depois da eliminação da seleção. Duas russas me viram sentado num restaurante com a camisa do Brasil e vieram me perguntar: o que aconteceu com o Brasil?

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