Maria Amélia Mano em foto de Tom Saldanha

Par

Maria Amélia Mano

Mais que duas bolinhas coloridas nas mãos do palhaço malabarista e nossos medos de criança de que tudo caia, vaia, saia de nós, saia de cós. Bailarinas dançam em outro picadeiro essa dança, essa dança. Nossa dança.

Mais que duas jabuticabas maduras no pé em algum quintal de brincar e encurtar tempo, dia e noite e essa sede insistente, essa sede, essa sede. Nossa sede.

Mais que duas estrelas cadentes no céu caindo, vindo acariciar terra, barro, pó, poeira de universo, verso que planejo cantar como canção, contar como história, essa canção, essa história. Nossa história.

Mais que duas árvores plantadas lado a lado, raízes que se entrelaçam como amantes, galhos que se tocam como abraços, gosto e cheiro de frutos misturados, e esse vento nas folhas, essas mãos, esse vento. Nosso vento. Nossas mãos.

Mais que esse sol que aparece com lua, com chuva, juntos em um mesmo instante, como sorriso e lágrima, como carinho e desejo, beijo, esse beijo. Nosso beijo.

São essas duas vidas, duas sinas, duas esquinas de duas ruas nuas, encontro surpresa de todas as manhãs e almas nesses teus olhos escuros, esses teus olhos. Teus olhos.

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