O Hotel Majestic, de arquitetura ímpar, grandiosa, foi um marco na história da cidade.
Partindo da década de 1920 em diante, encontramos Porto Alegre, cidade capital de um estado sulista, sem muita expressão no resto do país, com sonhos de grandeza para, quem sabe, poder se equiparar às capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.
Situado na Rua dos Andradas, vulgo Rua da Praia, no chamado Centro Histórico, foram construídos dois prédios em ambos os lados de uma travessa. Unidos em um andar alto, formam uma galeria sui generis sobre a rua. Assim nascia o Hotel Majestic.
Luxuoso, condizente com pessoas importantes de alto poder aquisitivo, além de políticos famosos, incluindo, para sua grande honra, o Presidente Getúlio Vargas, numa ocasião em visita à cidade.
Durante alguns anos a frequência do hotel corria a todo vapor: movimento de hóspedes contínuo, famílias em férias ou a negócios, viajantes de passagem e até hóspedes permanentes. Destaca-se o nosso consagrado poeta Mário Quintana, que fez de lá sua residência.
Com o tempo, a mobilidade do comércio foi se deslocando para outras áreas. Novos e mais modernos hotéis foram sendo construídos e ele acabou fechando.
Este valioso e tão significativo prédio não poderia ficar sem um destino nobre. Foi encampado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e transformado no que hoje é — a Casa de Cultura Mário Quintana — tombada em 1990. Possui ampla variedade de espaços culturais, atingindo todas modalidades de arte, além de três cinemas e no quinto andar um café que de brinde, oferece aos clientes a visão de um maravilhoso Pôr do Sol sobre o Guaíba.
Tenho em mãos uma foto que mostra toda a grandeza desta importante obra, cuja característica é a cor — rosa. Foi batida em um dia ensolarado pós chuva. A água esparramada na calçada e na sarjeta, refletem toda a imponência do prédio, levemente destorcida de cabeça para baixo. Associei com desmanche. O fim de uma era gloriosa. Deu vontade de chorar.