Jane Ulbrich em foto de Gilberto Perin

Knockdown

Jane Ulbrich

Vencera. Inúmeros abraços, parabéns, tapas nas costas. Fora uma bela luta. No segundo round estava tudo acabado. Nocaute. Mas porque não se sentia feliz? Estava no limiar entre uma vida difícil, muita pobreza, falta de tudo. Dificuldade para adquirir cada item para uma vida com simplicidade. Mas o gosto amargo pela vitória estava associado ao futuro casamento com com Sofia. Patrocinadora de todo o treinamento necessário para chegar à vitória, condicionara o auxílio não só a ganhar esta luta mas, pior ainda, ao casamento futuro. Fora um grande esforço durante um ano inteiro para vencer. Sua vida seria tranquila, com viagens, festas, iates, apesar de treinamento duro para manter-se em forma para as competições e submissão total a Sofia, sua patrocinadora. Pessoa muito exigente, difícil de agradar. Em paralelo ao treino haviam professores de etiqueta, estilistas, aulas de como se comunicar adequadamente. Daqui para frente seria um homem dominado pelas exigências dela, um pau mandado como diziam antigamente. Mas, o contrato que assinaria no dia seguinte, lhe daria todas as condições de ser um campeão mundial. Competiria entre os grandes e estava preparado. Porque toda a tristeza, então? Sua tristeza tinha um nome. Juliana. Namorada desde a escola, amiga, parceira de vida. Dias e noites costurando para adquirir os equipamentos necessários, pagar os péssimos treinadores que conseguia. Quantas juras e promessas lhe fizera. Iria recompensá-la por tudo. Quanto amor recebera. Quanto amor sentia por ela. Levantou-se. Tomou um banho. Vestiu-se com esmero. Olhou-se no espelho satisfeito.

Respirou fundo e pensou – vamos lá cafajeste!  Assunto encerrado. Segue em frente.

Abriu a porta com um sorriso cínico de futuro campeão e milionário, encontrando a sua espera sua patrocinadora e futura dona. Com um sorriso doce abraçou-a afetuosamente, sussurrando ao seu ouvido: esta vitória dedico a você, meu amor.

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