Aprisionamento
Felipe Anselmo Olinto
O uso de elementos naturais ou sintéticos que oportunizem o descolamento da realidade e possam acrescentar – mesmo que de maneira efêmera – satisfação pessoal, bem estar e prazer, sempre se fez presente na história da humanidade.
Trajetórias e vidas foram e continuarão sendo conduzidas, comprometidas ou interrompidas pelo uso de substâncias exóticas.
Novos tempos, as redes sociais foram criadas pela genialidade e tecnologia do homem, e com ela não apenas a incrível comunicação imediata, instantânea e remota, mas a possibilidade de se reinventar.
A aparente estabilização de todos pela capacidade de em espaço próprio e dimensão planetária expressarem pensamentos e posicionamentos, trouxe consigo a sedutora magia da conquista da juventude perene e da felicidade plena e eterna.
Lugares paradisíacos, festas estonteantes e desafios radicais captados pela instantaneidade de um self se tornaram acessíveis a quem os deseja, tudo sob o livre-arbítrio do digitar em uma pequena tela.
A fantasia toma corpo, sem hálito, cheiro e suor.
A sensação de liberdade e de pleno domínio do que se quer ser emerge e entorpece.
Na expectativa de inserção e busca insaciável em alcançar o topo, o aprisionamento, manipulação e controle incontornável.
Latente, rígido como o aço dos grilhões escravistas.
O algoritmo como receita para padronização impõe matiz descolorida e amorfa a uma sociedade que refaz passos sem perceber a nova caminhada, dirigida e controlada, na qual não possui mais segredos e privacidade.
O empoderamento individual se dissolve tragado pela vaidade e pequenez que tinge uma sociedade febril, fragilizada e absolutamente patética.