É sua a palavra
Graciella Tomé
Abri de leve, deixei correr o visor aos poucos. Curti o primeiro canto descortinar,
viajei nos traços e soltei o verbo.
É um quadro, um quadrado, uma mesa de bilhar, tá certo?, não?
Somos curiosos.
Sirva-me devagar, pemita-me divagar, com e sem tempo, atemporal pois é meu.
“…estou atrasado, estou atrasada”. Em Alice, o tempo corre contra, a favor, de retorno, ao seu. (Preciso correr, também, rumo a desvendar meu mistério!)
É um quadro, tem dois ganchinhos de pendurar.
Sempre curiosos.
A obra de arte tem essa peculiaridade, domina o olhar, o brilho das fadas da criação captura.
Enquanto descortina, saboriei a tela inteira e seus pequenos recantos. Pronto, abriu toda.
Dissipada a curiosidade.
É uma piscina!, das grandes. Integra a imagem uma escada, uma encruzilhada, um alguém a decidir-se.
Excelente exercício o de nadar e decidir.
Resistir de início, aos detalhes, gostar dos pequenos prazeres das descobertas, pertence ao inato entusiasmo do esconde-esconde e, quando des-coberto, toma vida própria.
Agora é queda livre, sobra pouco: é direita ou esquerda, saltar ou voltar.