Cynthia Torp por Marcel Souza

Mais do que um transporte

Marcel Souza

Não lembro ao certo a primeira vez que andei de metrô, desconsiderando o trem urbano da minha Porto Alegre, e sim pensando num sistema mais complexo com mais de uma linha. Mas lembro bem quando comecei a me familiarizar com ele. Foi quando fui a Nova York pela primeira vez. Me apaixonei pela cidade, pelo seu mapa e pelo mapa do metrô, ou Subway, como lá é chamado. Desde lá me considero um rato de metrô. Adoro explorar o mapa das linhas das cidades que visito. Falar das suas vantagens é um trilho conhecido: barato (ok, as vezes nem tanto), eficiente, não tem congestionamento. Mas admito que ele também tem suas desvantagens: as vezes está muito lotado (sem pressa? espere o próximo!), e faz toda ou boa parte do percurso de forma subterrânea, o que não possibilita ao visitante apreciar a cidade durante o deslocamento.

Mas o metrô tem outra característica que me agrada: é estar junto com a população local. Visitar uma grande cidade e não se misturar com a sua população não faz sentido. Pois o que é uma cidade, se não as suas pessoas? E nele encontramos elas misturadas. Os jovens estudantes, o trabalhador formal e a informal, o bancário e a artista, o esportista a funcionária pública, aquelas pessoas dormindo em pé (mesmo quando sentadas), fisicamente mortas depois de um desgastante dia de trabalho. Tem também os artistas de rua, muitas vezes trabalhando, tentando trocar um sorriso por uma gorjeta no chapéu. São todos iguais, todos passageiros.

Tanto nas belas estações de Moscou quanto nas bem mais simples e sujas de Nova York o metrô é isso: um transporte eficiente e democrático, vai do centro da cidade aos bairros mais distantes, dos mais simples aos mais ricos. Lembro quando fui a Tóquio, que o subsolo do imponente prédio da Sony tinha ligação direta com uma bela e moderna estação. Uma grande facilidade para os seus trabalhadores, e até seus executivos, por que não? “País rico não é onde pobre anda de carro, mas onde o rico usa transporte público”, li isso não sei onde.

Se você ainda não o faz, experimente ao menos os maiores deslocamentos de metrô. Você vai economizar dinheiro e ganhar em vivência.

Boa viagem! Observe atentamente o vão entre o trem e a plataforma (Mind the gap).

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