Boa viagem!

Completei nos últimos dias cinco anos do afastamento do meu emprego no Banco do Brasil. Logo que saí, ainda não havia decidido que rumo minha vida ia tomar. Só sabia que aquela rotina de bancário não estava me agradando e queria ser mais dono dos meus dias, sem aquele compromisso de bater ponto e dar satisfação a alguns chefes que muitas vezes a gente não consegue entender como ali chegaram. Espero que nenhum leia isso. Bom, se ler, azar.

Desde os meus dez anos de idade, quando fui a primeira vez para Orlando o mundo do turismo me fisgou. Pouco depois ganhei na escola de inglês uma viagem a Nova York. Rapidamente me orientei na Big Apple, chegando ao ápice de corrigir a guia que errou o caminho para a Broadway, a tempo de não chegarmos atrasados para o espetáculo de A Bela e a Fera. Poucos meses depois voltava a Orlando agora sem pai ou mãe, somente na companhia de amigos. Esse intensivão de viagens internacionais me fez sonhar em ser guia, ou até mesmo cursar turismo, por um bom tempo.

Mas quis o destino que abandonasse esse pensamento e fosse cursar administração na UFRGS e ser bancário por onze anos. Foi um período de crescimento e aprendizado, mas onde com o tempo passei a me sentir preso e desprestigiado. Os meus melhores dias eram as férias. E não era aquele papo óbvio de só por não estar trabalhando. Eram os melhores mesmo – disparado. Nessa época fui pela segunda vez para a Europa, voltei aos Estados Unidos depois de dezoito anos e nas minhas últimas férias realizei o sonho de acompanhar uma olimpíada in loco. Rio 2016 que saudade de você.

Voltar desses momentos de felicidade e liberdade para a “prisão” de uma agência bancária e da rotina de bater pontos das 9 as 17 todo santo dia me deixava doente. Em 9 de novembro de 2016 foi meu último dia de trabalho na agência Caminho do Meio.

O primeiro ano fora foi de reflexão, estudos, muitos pensamentos e algumas viagens. Um ano depois de deixar o banco, iniciei como Agente de Viagens, minha nova profissão, mas sem deixar de ser viajante. Muito pelo contrário. Até o começo da pandemia era frequentador assíduo do Aeroporto Salgado Filho. Agora não ficava feliz somente na saída, mas também quando voltava para Porto Alegre, minha cidade natal.

Embora ainda tenha vontade de ter uma experiência de morar no exterior, nem nos piores momentos reneguei a minha cidade, mas retornar significava voltar a rotina que me desagradava. Agora, estar de volta é voltar para casa, rever os amigos, voltar aos meu lugares preferidos, conhecer os novos, é ser viajante na minha própria cidade, eu diria.

Agora, não recebo mais as boas vindas do Laçador de cara fechada. Recebo como se fosse um “boa viagem” de quando estou de partida.

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