Alice quer viver

Alice resolveu voar as tranças! Isso mesmo. Viajar, aproveitar a vida, descansar. Cansou da vida que levava, resolveu acreditar em si mesma, melhor ficar sozinha do que acompanhada mas só.

Fez isso depois de muitos anos numa relação que chegou a ser boa mas depois azedou. Esticou a corda o que pode, esticou esticou, deu mais uma chance, tentou se modificar, tentou fazer o outro se dar conta e mudar também. Mas concluiu que ninguém muda ninguém, já é muito difícil mudar a si mesmo.

Cozinhou, varreu, lavou, passou. Quando viajava para ver sua família no interior ou quando estava doente, o mozinho deixava a louça empilhada na pia, a roupa suja acumulada no cesto, o chão e as mesas grudentas e até chegava a passar fome. Sim, porque homem que é homem não faz essas tarefas domésticas de mulherzinha. Nananinha, imagina! Assim aprendeu com a mãe, o pai, tios, tias e avós. Pior que ela também, mas tentou reinventar.

Hoje, fazendo um retrospecto, até pensa que não valorizou certos aspectos, não percebeu alguns sinais, não devia ter falado tal coisa ou outra. Mas será que tudo isso mudaria a situação? Talvez. Não tem como saber.

Porém, um dos principais motivos que levou ao derradeiro fim foi a forma como ele lidava com o ofício dela. Fazia pouco, desvalorizava, às vezes debochava. Bom era o trabalho dele, este sim era grande coisa, ganhava bem. O dela era miudinho, coisa pouca na visão dele. Só que ajudava, e bastante, no orçamento doméstico. Se não fosse sua contribuição, não teria sobrado para aquela viagem ao exterior ou aquele final de semana mais prolongado. Ou até para comprar aquele aparelho eletrônico de última geração.

Também fez apressar o final da relação o fato de ele contar para amigos em mesa de bar, na sua frente, um segredo que havia lhe contado no espaço privado da relação. Na primeira vez que isto aconteceu pediu depois a ele que não fizesse mais, ele ouviu. Aí aconteceu a segunda vez. Então Alice não teve mais dúvida, era hora de partir para não mais voltar.

A decisão não foi difícil e nem doeu a separação. Sobreviveu bem e se sentiu melhor.

Xô solidão a dois, xô tristeza, bora conhecer novos lugares, pessoas e ampliar a rede de relações! E viajar muuuitoo.

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