Ressignificados

Francisco nasceu em Aracati no Ceará. Filho de uma artesã e de um pescador, cresceu em um povoado próximo ao mar. Sempre atento ao movimento das mãos criadoras dos seus pais, aprendeu a costurar redes, trabalhar com a madeira das embarcações, moldar cestos, tecer com fios diversos e a misturar cores, materiais e texturas. Na escola destacou-se não somente por suas produções artesanais, mas também por sua habilidade para criar poemas e interpretar.

Artista e arteiro foi morar em Fortaleza para iniciar seus estudos no Instituto de Cultura e Arte. Ganhou uma bolsa de uma fundação alemã e mudou-se para Berlim.

Na nova cidade encantou-se com as ofertas e espaços culturais. Mostras de teatro, dança, filmes, música, literatura em toda parte. Museus, bibliotecas, livrarias, pinacotecas, teatros, cinemas para todos os lados.

Ficou maravilhado om algo que achou muito peculiar da cultura germânica: um sistema de separação de resíduos muito bem-organizado.

Em uma conversa por vídeo com a família relatou o seguinte:

– Rapaz, o povo aqui separa tudo. Tem regra e local para colocar as garrafas, as embalagens de metal e plástico, o papel e o papelão, o resto dos alimentos e até para os resíduos de grande volume. Esses são os que mais gosto.

– É filho? – perguntou a mãe curiosa.

– Ontem mesmo estava eu voltando para casa e vi que na frente dos prédios tinha um pouco de tudo: abajur, mesa, prateleiras, aparelhos elétricos, porta de carro até uma catraca antiga.

– Eles jogam tudo fora?

– Tem um serviço de coleta. Um caminhão passa e recolhe esse material. Meus colegas disseram que é comum estudantes pegarem algumas coisas antes de levarem tudo.

– Vocês pegam?

– Claro, mãe. Usamos algumas peças para as produções teatrais e eu utilizo para as minhas peças artesanais. Não sou besta a ponto de perder a oportunidade de crias novas propostas e versos.

– Ixe!!!!


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