Água

Na sua vivência de três meses de idade, Mariana colocou a mãozinha rechonchuda na água gelada. Ouviu-se um gritinho e depois um choro. Era algo diferente a ela. Havia passado nove meses dentro do planeta ventre, onde o líquido que a envolvia era morninho.

Na altura de seus três aninhos, caiu no chão, ralou o joelho e chorou. Suas lágrimas inundaram a face e tocaram sua boca. Fez careta pois pela primeira vez provou o gosto de uma lágrima. Não gostou, achou salgada. Resmungou. Não era um sabor que estava acostumada.

Já na experiência dos cinco anos, num dia de inverno resolveu tirar seu peixinho do aquário e o colocou dentro da chaleira com água quente. Acreditava que estivesse com frio. O pobre do peixe se debateu com o calor da água e morreu. Coitadinha, não sabia que ele não viveria naquelas condições. Chorou muito, mas suas lágrimas a fizeram crescer.

Adulta, Mariana lembra que toda vez que chorava, sua mãe lavava seu rostinho com água como que para expulsar sua dor expressa pelas lágrimas. Por isso, costuma dizer que não existe nada mais maravilhoso do que um banho: limpa o corpo e alma.

Rendo-me à teoria de Mariana e à percepção que ela tem desse elemento da natureza chamado ÁGUA.

E diria mais: não existe nada mais engrandecedor do que chorar embaixo do chuveiro. Quem nunca fez isso? Façam algum dia, com certeza será uma ótima experiência. E, se a alma não ficar limpa, sem dúvida alguma, o corpo ficará limpinho.

gostou? comente!

Rolar para cima