Me pegou como o desconhecido, o inusitado, o encanto e mistério da descoberta, e achei que fosse rever antes, navegando, longe, mas não. Quase esquecera e, hoje, que eu nem esperava mais, encontro. Aqui, puro, profundo, sem matizes, luzes a alterar, nada. Só beleza, perfeição, emoção, raridade. Meu filho gosta desde pequeno, sempre falou e, sim, o amor que sinto por ele é semelhante. Incondicional, incomensurável, confiável, eterno, terno. Serenidade, sensibilidade, calmaria, carinho, compaixão. Sinfonia. Clássico, como a música. E eu que sou de terra, mas, no caso, é hors concours. Tem brilho, preciosidade de joia rara, re-la-xan-te, curativo. Pleno, primário, os peixes e sua geometria orgânica, tudo combina, natural, espiritual. Tradução. Inteligência, pensamento, clareza, profundidade. Despertando tudo, mas fundamentalmente prazer estético. Majestoso, sublime. Admirável de outras formas e em aparições que sequer vi. Em vários suportes, desenhados, pintados, inventados, construídos, industrializados, culturais. Mas aqui… ó, céus, preciso de fôlego. A tecnologia se apropria porque conceitualiza. Admissível certa mistura, mas nada como vê-lo absoluto, incorruptível. É assim que sempre me vem e flui agora, e me perco e subo, respiro, desço, e quero de novo e mais. Vício tranquilo, desmedida divina, surpresa, presente, arrebatamento. Mergulho e nem sei mergulhar. No inconsciente, no sentimento, no sonho, no indizível. Me-di-to. Vem gratidão, sim. Agradeço, porque as coisas belas são raras, rápidas, ínfimas, íntimas, mínimas, infinitas. Rezo para retornar. Ou para sempre enxergar… nas pessoas, o mediterrâneo que encontrei há tempos em Alicante, esse índigo, que agora revejo em tom de água marinha, ou mais escuro como safira, topázio, lápis lazúli – o puro azul que me deparo nesse pequeno mergulho no fundo do mar de Noronha.