Quem casa quer casa. Essa máxima, quase um meme, pode não ser mais uma verdade se considerar que um apartamento é muito mais fácil de cuidar e mais fácil de manter protegido de ações externas. Nos últimos cinquenta anos no nosso país a segurança dos lares foi deteriorando. Os condomínios, sejam verticais ou horizontais, vieram para ficar. Ancorados no aperfeiçoamento dos sistemas de vigilância, sendo uma garantia menos individual, mais coletiva.
Nos feudos da Idade Média, cidades cercadas e fortificadas mantinham uma relativa segurança dos senhores e suas elites. Uma metáfora bem apurada nos longos muros e grades que cercam as moradias atuais. Vivemos atualmente em bolhas defensivas, seja em moradia, em contatos sociais ou em relacionamentos, presenciais ou virtuais. Os novos feudos continuam apenas defendendo alguns poucos senhores e as falsas elites citadinas.
Outra constatação é que, cada vez mais, essas casas e apartamentos estão se tornando menores, ínfimas, e, ao mesmo tempo, em conjuntos mais numerosos. São verdadeiros pombais. Difícil é ficar em casa, muito tempo, sem poder sair. E os tempos atuais estão mostrando isso de forma tão virulenta, que mata. Literalmente.
Mas vou dar uma cambalhota verbal e falar sobre estar mais seguro em outro campo semântico. Me limitarei ao tabuleiro quadriculado de 64 casas onde se joga o jogo dos reis. O Xadrez tem uma jogada, não apenas defensiva mas de prevenção aos ataques adversários que é chamada de roque. Em português a palavra não diz muito do que a jogada realiza. Mas se utilizarmos o inglês veremos que o castle (roque) se resume na inversão da ordem entre o king (rei) e a rook (torre). No final, o primeiro fica escondido atrás de peões e ladeado pela segunda, menos propenso a ser fustigado.
Voltando ao início da conversa teremos o ideal de defender sua moradia e seu senhor de forma mais efetiva e tempestiva. Então, o que se tem é um rei encastelado.