Conheci Nico Nicolaiewsky, ainda que não tenhamos nos tornado amigos. Amigo, amigo sou da Márcia do Canto, e a última oportunidade em que vi Nico de perto foi na casa deles, numa visita pautada pelas crônicas. Cumprimentamo-nos rapidamente, ele recebia Nestor Monastério e conversavam sobre seus projetos conjuntos em outro ambiente. Enfim, uma cena cotidiana que, se não fosse a morte traumática para nosso meio cultural, estaria fadada ao esquecimento.
Tantas vezes quantas estivemos lado a lado, acho que mais, fui sua plateia. Tangos e tragédias era um espetáculo que estava sempre por ali, pronto para ser assistido novamente sob qualquer pretexto: acompanhar uma visita de fora, o raro amigo que nunca fora, levar os filhos… Ou só porque deu vontade, mesmo. Atire a primeira pedra quem nunca escutou um disco até saber quase de cor as músicas e arranjos! Tangos era para muitos de nós mais do que uma peça, era uma celebração.
Dito isso, como explicar que um fã confesso ainda não assistiu Sbørnia Kontr’Atracka? É o que me vi pensando…
Simone Rasslan, também minha conhecida e que está no lugar de Nico ao lado de Hique, tem todas as credenciais para merecer minha devoção: ela é talentosa, gente fina e competentíssima. Seu espetáculo “Rádio Esmeralda” vi só uma vez e ali também uma tristeza ceifou a continuidade: Adriana Marques, sua parceira, faleceu e, à época, escrevi em sua homenagem uma crônica. Ambos os musicais são a fina flor da graça e do encantamento. O que me segura, então, para conferir a nova história Sbørniana?
Nada mais, prometo.
Aguardarei nova temporada no Theatro São Pedro ou em outra casa de respeito e colocarei em dia minha memória afetiva. Tão certo quanto uma lua cheia sempre nos envolve, tenho certeza de que será maravilhoso vibrar com este musical em tudo sedutor. Devo isso ao Nico, à Adriana, à Simone e ao Hique, com quem, sei lá, por razões estranhas, ainda não tive o prazer de conversar pessoalmente. Falha em meu currículo, é certo.