Primeiro baile
Rubem Penz
– E aí? E aí!?
– E aí eu estava sentada, o vestido rodado à volta quando ele veio até mim. Juntou-me em suas mãos e me levou para rodar.
– Tá… E aí? E aí!?
– E aí foi como se eu descobrisse o real formato dos meus quadris só depois de ele passar suas mãos sobre as ancas enquanto rodávamos, rodávamos…
– Ai… E aí? E aí!?
– E aí ele aumentou a pressão e foi subindo como quem moldasse minha cintura, assim ó, com força, quase a me tirar do chão…
– Nossa, vou morrer! E aí? E aí!?
– E aí ele foi suave outra vez, deixando os dedos deslizarem sobre minhas costelas atrás e à frente, e foi subindo, subindo, contornou delicadamente meus seios até chegar ao colo…
– E aí você…
– E aí eu rodava, rodava. Fechei os olhos quando ele torneou meu pescoço e foi parando, parando, pa-ran-do…
– E…
– E me segurou a cabeça pousada em suas mãos, inclinou-se delicadamente e me beijou.
– E aí ela quer que a gente acredite, suas tontas! Não vêem que ela está inventando tudo!?
– É? E aí?
– Isso mesmo! E aí? Continua! Continua!
– E aí perdeu a graça, agora. Não conto mais nada.