Aquela poderia ser uma esquina como outra qualquer. Um não-lugar, apenas um lugar de passagem, mas não era.
Me lembrei da primeira vez que Harry Potter foi para Hogwarts e precisou encontrar a plataforma 9 ¾. Observava as semelhanças daquela esquina com a plataforma, diferentes pessoas surgiam e desapareciam, as janelas e portas dos casarões mudavam de lugar, mas precisava de um olhar mais atento para ver.
Dias e noites se passaram, me mantive atenta e curiosa com aquele não-lugar. Uma vez ou outra, eu ia até lá, sentia a magia e saía correndo, com medo de ir para outro lugar que não aquele.
A esquina era o ponto divergente de mundos, pessoas e outros seres passavam por lá. Conexões, diferenças, conflitos lá existiam em frações de segundos.
Pessoas corriam, outros andavam, e alguns seres flutuavam. Havia os que enxergavam, os que sentiam e a divergência sutil se fazia presente.
Percebi que um não-lugar de fato é um sim, pois sempre existe algo ali, mesmo que passageiro. Mas deixo avisado que nessa esquina a placa de “proibido seguir em frente” é um aviso das divergências que poderá encontrar.