Sonhar

Sinto que estou acordando; recuso-me a abrir os olhos. Quero prolongar por mais tempo esse sonho, mas não consigo. Nunca na minha vida eu sonhei colorido. Que sensação maravilhosa! Sento na cama; procuro um bloco na mesinha de cabeceira ao meu lado e tomo nota de algumas palavras, como um roteiro para uma crônica. Qual o título a usar: Redenção ou Parque Farroupilha? Depois decido.

Uma menina vestida de cor de rosa, (serei eu?) num dia ensolarado, frente a uma piscina cheia, refletindo na superfície o azul do céu. Ela está saltitante, com suas tranças desmanchando, tentando alcançar uma enorme bolha de sabão que flutua no ar. O dia está quente. Ela parece ter vontade de se jogar na água; tudo isso é meio mágico: os reflexos na superfície , as pessoas que frequentam a Redenção, os prédios de cabeça para baixo e o famoso Colégio Militar.

Ah! O Colégio Militar. Lembrei da Terezinha, filha do coronel diretor da escola. Tivemos uma bela amizade. Apesar disso não tive coragem de perguntar como era morar num quartel. Pois eles moravam. O pai foi transferido e nunca mais tive notícias dela. Minha casa era perto e eu costumava passear de bicicleta por lá no parque.

Ainda impressionada com o sonho pego o jornal, como de costume. A data me avisa que hoje é um sábado, dia da Feira Ecológica na Redenção. Premonição ou casualidade?

Já vestida para sair, pego minha sacola, e vou às compras. Destino — Redenção.

 


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