Era uma vez uma menina que não podia ter cães.
Mas não eram apenas os cães que lhe faziam falta. Não podia ter uma casa. Não podia ter pai. Não podia ter uma família completa. Não podia ser criança sempre que desejasse.
Os cães não eram permitidos por causa dos problemas respiratórios. A casa não existia porque não havia condições financeiras. A família não existia porque não existia o pai. O pai não estava presente porque alguém decidiu que assim seria.
O tempo passou e a menina teve sua casa. Da casa ela fez um lar, e nele ela morou com seus três cãezinhos.
Ela nunca deixou de acreditar. Criou seu mundo com formas, como uma bolha de sabão, onde vê através de olhinhos brilhantes o colorido da vida.
A vida seguiu, ela se casou, teve dois filhos, teve mais cães, construiu uma família.
A sua casa virou lar temporário e por lá passam vários bichinhos em busca de amor e proteção.
Sempre que ela caminha pelos parques da cidade e vê feiras com bichinhos para adoção, pensa em como seria bom se as pessoas se conscientizassem e soubessem o quão maravilhoso é ter um amigo de quatro patas.
Ela não perde a esperança e sabe que um dia sol pode brilhar para eles assim como brilhou para ela.
Deseja que todas as pessoas possam em algum momento da vida receber uma patinha que não lhes peça nada em troca, mas que seja apenas como gesto de gratidão e carinho.
Deseja que acabem os abandonos e maus tratos. Que as adoções sejam atos responsáveis de acolhimento e transformação gerando laços de afeto.
Ohana que dizer família. Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer.