Hoje acordei com uma vontade enorme de viajar, mudar de ares, conhecer coisas novas, sair do marasmo. Cansei de ficar em casa, olhar o mundo pela janela, ver a vida passar. Claro que tenho passeado e viajado, comedidamente, conforme a situação permite em todos os sentidos, já que estamos ainda sob suspeita. Tudo tem início, meio e fim. Espero, sinceramente, que estejamos no fim dessa angústia que perdura meses. Esse tempo está longo demais para todos nós.
Não sou de me entregar assim tão fácil. Reagir é preciso! O dia está lindo e perfeito para curti-lo. Não falta sol para aquecer, nem brisa para refrescar. As manhãs de primavera aqui em Porto Alegre são magníficas e, se você tem o privilégio de morar na Zona Sul, considere-se um habitante de uma parte do paraíso. Da minha sacada avisto o rio calmo com suas águas convidativas para uma bela velejada. Há alguns barcos sendo empurrados pelo vento. Queria estar num deles.
Imagino a sensação de liberdade que se deve sentir ao velejar. Não há pressa, nem correria. Simplesmente você vai em frente, com calma e muita paz que a própria situação proporciona. A velocidade vai depender das condições do tempo ou do objetivo da velejada. Para mim, um pequeno passeio seria suficiente.
Não tenho barco, nem veleiro. Caminhar é preciso! Vou dar um passeio pela orla belíssima da pouca explorada turisticamente, praia de Ipanema, bairro pacato, muito arborizado, cujas árvores, plantas e flores exalam perfumes dos mais diversos, além de coloridos indescritíveis.
À medida que me aproximo da praia ouço a algazarra das caturritas, o cantar dos pássaros e os burburinhos de crianças brincando. Ao longe, avisto alguns barcos indo e vindo, parecem que andam no mesmo ritmo como se todos pertencessem a uma mesma orquestra, cujo maestro é o tempo.