As delícias da casa da vó
Marcel Souza
Lembro bem das minhas idas a Cruz Alta, cidade onde moravam meus avós paternos. Visitava-os ao menos uma vez por ano na infância. Como todo neto era muito paparicado pelo vô Bráulio e pela Vó Lourdes. Gostava de passar o tempo no pátio, onde se destacavam duas árvores: uma bergamoteira e uma jatobá. Lá também ficava uma cadeira de balanço onde gostava de brincar. No verão, junto com meus primos, tomávamos banho em uma piscina de plástico.
Por ser uma criança bem chata para comer, sempre era esperado com o meu cardápio favorito. Lembro bem das massas de pastel feitas pela Bahia, funcionária que ajudava na cozinha e dos brigadeiros feitos pela vó. Sem falar dos pratos para almoço, como arroz e feijão. Ah, e fritas claro, bem finas, sequinhas e crocantes. Depois do almoço, além dos brigadeiros o vô sempre tinha balas e chocolates para oferecer, das suas diárias idas ao mercado.
Os anos passaram, ganhei uns quilos, todo mundo me incomodava para controlar a alimentação, reduzir os doces, as frituras, essas coisas de quem precisa perder peso. Mas na casa da vó era diferente. A mesa estava sempre farta de opções, com pão, frios, cuca, manteiga, etc. E de hora em hora a preocupação em saber se eu não estava com fome, se não queria beliscar alguma coisa, tomar um suco ou um refrigerante. Lá, eu nem parecia a mesma pessoa que as outras pessoas queriam emagrecer.