É noite alta na estrada vazia e escura. O ronco do motor, o atrito rotineiro do limpador no parabrisa e o estouro da chuva na lataria do carro são suas únicas companhias. Segura firme a direção mas seu corpo pede um descanso.
Poucos quilômetros adiante avista luz na beira da estrada e diminui a velocidade até parar. Por detrás do poste que ilumina a chuva – agora torrencial – percebe o prédio. Simples, de dois andares, com algumas portas e janelas simétricas cujo alpendre desce em curva com suas telhas de cerâmica antiga, tem um quê de abandono, órfão de viajantes solitários como ela.
Se aproxima da porta de vidro com uma placa na parte interna da mesma e uma seta que aponta para a campainha.
Deitada, passa as mãos nos lençóis limpos mas levemente amarelados pelo tempo. O quarto pequeno a protege de um jeito especial com seu abajur ao lado da cama e os parcos mas bem conservados móveis antigos. Olha pro teto e se sente tão chique aqui no Motel Paris…
Motel Paris
Roselena Colombo
Acordou, pagou a conta e foi pra estrada,
dona do seu nariz.