Depois de muitos anos, encontraram-se novamente. Ele a esperava sentado num banco na Redenção, próximo ao arco do Expedicionário. O sol de outono brilhava. Choviam pétalas de flores. Ela o viu. Ele se levantou. Aproximaram-se devagar.
Era como se seus olhos nunca fossem se afastar.
Estacionaram o carro na Rua Riachuelo. Desceram a ladeira, cruzaram a pracinha e passearam pela orla até o Anfiteatro Pôr do Sol. Retornaram devagar.
Era como se suas mãos nunca fossem se largar.
Dirigiram-se à Usina de Gasômetro, para visitar a exposição do Sebastião Salgado. Encantaram-se com as fotos dos recantos intocados deste Planeta, cuja proteção cabe a cada um. Genesis de tudo. O gênio é capaz de enxergar.
Era como se suas almas nunca fossem se perder.
Caminharam pela Rua da Praia até a Casa de Cultura Mário Quintana. Seguiram os passos do poeta. Pararam em frente ao quarto em que morou e se inspirou. Sentiram caminhos velhos e novos.
Era como se suas estradas nunca fossem se separar.
Não lembraram que, como disse o poeta, as únicas coisas eternas são as nuvens.
Almoçaram ao ar livre, beberam espumante, olharam a cidade e depois se deitaram como se seus corpos nunca fossem se afastar.
Hoje, ela cruza pela orla, que não é mais a mesma, olha o Guaíba, aprecia o pôr do sol, contorna a Chaminé do Gasômetro e se pergunta onde ele estará.
Ele folheia o livro do Sebastião Salgado, seu olhar atravessa a janela, procura no computador uma foto dela e se pergunta onde ela estará.
Pela Chaminé do Gasômetro não escapam mais fumaça nem fuligem. Porém, tornou-se um símbolo de Porto Alegre, como a lembrar que a história pode até ser esquecida, mas nunca apagada.