Renata Cardoso Vieira em foto de Jorge Almeida

Amizades

Renata Cardoso Vieira

Existem diversos tipos de amizades.

Amizades de infância, onde a memória insiste em reviver histórias de inocência e sapequices infantis. Amigos que não se encontram todos os dias, mas sempre que o encontro acontece, ocorre repleto de saudosismo e saudade.

Amizades de adolescência, onde a cumplicidade insiste em resistir a todas aquelas adversidades pelas quais pensamos que o fim do mundo iria se concretizar. E que após algum sufoco, respiram aliviadas a mais uma falsa catástrofe orquestrada pelos ímpetos hormonais e pela urgência de quem quer viver tudo o quanto antes.

Amizades da faculdade, onde reconhecemos os amigos naqueles primeiros dias de convivência em que somos heróis por termos sobrevivido ao vestibular. E as quais consolidamos nos dias de estudos sem fim, porque na nossa visão, todos os professores pensam que a sua matéria é a única e quando sai o conceito final, a comemoração é tão coletiva quanto o estudo. Hoje a gente curte a festa, amanhã estudamos pra prova. No futuro reclamaremos do mercado de trabalhos juntos e nos reuniremos a cada casamento ou aniversário dos filhos, sempre relembrando histórias engraçadas de uma época em que éramos mais aventureiros e menos responsáveis.

Tem aquelas amizades familiares, não da nossa família em si, mas dos agregados que a família nos proporciona conhecer. Convivemos num almoço de domingo, num batizado e depois de um tempo, a conexão não é mais importante e, se o amigo deixa a família, pouco importa, porque os laços já estão sacramentados.

Tem a amizade do amor, que após sobreviver ao impulsos da paixão, se fortalece no dia a dia, na confiança e cumplicidade de uma relação, no colo que aninha nos momentos difíceis, na alegria de quem vibra com nossas conquistas, às vezes mais do que nós mesmos.

E tem a amizade canina. Ah, essa amizade… Das mais singelas e simples da vida. Um amigo de quatro patas não te pede nada, não impõe horários e sempre está feliz ao te reencontrar. Aconchega-se nas pernas quando estamos doentes ou com preguiça, pedindo no máximo um carinho na barriga. Fica feliz com qualquer belisco e quase infarta de felicidade ao ver um graveto. Vela nosso sono e zela pela nossa segurança.

Amo todos os meus amigos, mas um olhar de amor de um amigo canino é todo o sucesso que eu desejo no mundo.

 

“Cães não são nossa vida inteira, mas eles fazem nossas vidas inteiras.” (Roger Caras)



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