Eu e ele

Lá fora, o sol nascia. Seria um lindo dia de claridade plena, daqueles de acalentar a alma e queimar a pele.

Levantou-se. Com suas mãos macias e unhas vermelhas, segurou as meias de seda entre os dedos; pretas. Suavemente, deslisou em suas pernas vestindo-as. Sorriu. Olhou, novamente para o desabrochar do sol e, por alguns segundos, desligou-se do mundo.

Colocou calcinha e sutiã seguido por seu vestido preto e blazer vermelho carmim. Calçou seus sapatos pretos. Penteou o cabelo; passou batom rosa avermelhado.

Olhou para a cama desarrumada, depois de uma noite de prazer, lá estava ele. Deitado, dormindo; de costas. Um verdadeiro Adonis.

Estava na hora de ir embora. Deu uma última olhada no ambiente sensualmente edílico e deteve sua visão naquilo que verdadeiramente lhe dera prazer.

Aliás, todos lhe davam prazer, mas esse tinha sido maravilhoso, e com certeza será inesquecível. Teve vontade de levá-lo junto, mas achou melhor guarda-lo na memória, até porque, não saberia se viver novamente essa experiência, teria a mesma sensação.

Abriu a porta para sair, mas voltou-se para dar seu adeus. Mandou-lhe um beijo e disse: “Para mim, fostes inesquecível Domaine Perê-Caboche Châteaneuf-Du-Pape”.


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