Barrancas do Uruguai

Como o faz todos os dias depois de ter tomado o café, Adalberto dá-se ao luxo de tirar um tempo para ler o jornal. Assim vai, com vagar, seguindo as notícias na ordem de sempre. De repente para, aturdido: está diante da crônica policial. Vê uma antiga foto, três por quatro, do seu amigo de longa data, Dr. Eusébio do Amaral.

Madrugada sangrenta nas Barrancas do Uruguai

Na madrugada de sábado passado, dia 20 de abril, Dr. Eusébio do Amaral, seus dois filhos, Joaquim e André, e seus amigos Antônio Araujo e Juvenal Cardoso, armaram suas barracas nas Barrancas do Uruguai, para um fim de semana de pescaria.

Em meio da madrugada quando os homens dormiam, ladrões, munidos com espingardas, entraram atirando. Dr. Eusébio do Amaral foi atingido por uma bala no peito, vindo a falecer no local. Felizmente os outros conseguiram reagir a tempo, fazendo com que os bandidos fossem embora. A polícia organizou uma força tarefa e vasculha as matas ao redor.

Em outra parte da folha, segue o convite para enterro, com local, data e horário.

Adalberto, desolado, tem um nó na garganta. Vai sentir falta do amigo de sempre; mas foi ensinado que “homem não chora”… Assim, aguenta.

Na contra-página, o jornal traz uma foto em destaque. A população indignada faz passeata pedindo justiça. Ele a olha demoradamente e resmunga: como se adiantasse.

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