Dizem que o gaúcho é um povo muito orgulhoso de si, muito bairrista e que enaltece exacerbadamente seus feitos e tradições. Sou obrigada a concordar.
Nos vangloriamos de ter a maior praia do mundo, o pôr do sol mais bonito, “um baita de um Rio”, que na verdade é lago. Cantamos a plenos pulmões o hino do Rio Grande do Sul a cada solenidade, até mesmo nos jogos de futebol. Falando nisso, a rivalidade da dupla Grenal também é tida, por nós, como a maior do país. E o nosso churrasco, então, não tem igual.
O gaúcho se adjetiva de corajoso, aguerrido e forte, mas também é tido como machista, reacionário e arrogante. Acho que somos um pouco de tudo isso.
Outra característica nossa é que odiamos que forasteiros falem mal, mas nós podemos ser bastante críticos com nossa terra. Quantas vezes não dissemos que a capital é uma província, onde nada acontece, mas também onde acontece “de um tudo”? Lembram-se do episódio bizarro da proibição Queermuseu no Santander? Ou do Capitão Gay, um advogado candidato pelo PTB que, todo pilchado, empunhou a bandeira do Movimento Gay e, por isso, foi impedido de participar do Acampamento Farroupilha?
E já que falamos em pilcha (mais comumente bombacha, guaiaca, camisa, bota, lenço e pala), o que muita gente desconhece é que ela foi promovida a traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul. Isto porque, em 1989, foi aprovada a Lei Estadual nº 8813, conhecida por Lei da Pilcha e proposta pelo então deputado Joaquim Moncks. A partir de sua vigência, tanto a pilcha feminina como a masculina são considerados trajes formais, podendo substituir o traje convencional em solenidades e atos oficiais. Resta saber quando vão lançar a candidatura da chula à dança nacional e do chimarrão à bebida oficial do Brasil. Isto se não tivermos o retorno do movimento separatista “O Sul é o meu País”. Como diria o Cazuza, somos mesmo exagerados.
Adorei Vivi, o gaúcho é peculiar. Tendo vivido longo dos pagos gaudérios e retornando pra cá a alguns meses me deleito com expressões que eu já não estava mais acostumada. É um prazer me “aquerenciar” novamente por aqui, e foi um prazer ler teu texto