Cruzamentos

Iludindo e aguçando curiosidades, milhões de histórias povoam vidas porto-alegrenses nos últimos dois séculos e, como exemplo, tem esta foto retratando o Forte Apache, que entre suas vielas e cocheiras, torreões e estrebarias, e até falta de saneamento básico, certamente carregam consigo um tanto delas.

Enquanto lia a respeito de sua construção, na então Rua do Poço ou Rua do Pântano, nomes pejorativos na época por não possuírem esgotamento pluvial, recorri a minha capacidade para sonhar.

É claro que fui correndo a meus amores de infância. E quem não!, não é.

Fantasio nossa cidade sendo salva pelo Zorro, e o céu dos pampas do sul iluminado com o Z (maiúsculo), desenhado pela espada brilhante e salvadora por em cima dos telhados do Forte Apache. Sargento Garcia correndo e suando, cruzando olhares de admiração – amor! – e muita ira pelo seu arqui-inimigo de máscara e capa preta. Lindo!

Damas e seus cavalheiros, continuamente criando histórias que podiam amar. Temo que hoje esquinas e cruzamentos, vidas e olhares, nem se toquem. Triste.

Ali então, é instalado o Palácio do Governo. Época essa, em que ameaças vinham a cavalo e o bem estar da Província estavam assegurados pela palavra do homem.

Agora, temos a lei escrita pelo homem para os homens, (quase) sem leis.

Os anos passaram, e de provincial a provisório, o Forte Apache se veste de forma e força duradoura e, hoje, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Atualmente conservado, seguindo cruzamentos, porém de dados em busca de justiça, é sede do MP do Estado. Sem jamais perder o charme exibindo seu torreão de esquina.

 

 


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