Homenageada

Homenagear é um afazer prazeroso, mas que dá um trabalho muito grande. Imagina lembrar uma cidade a partir de seus personagens mais conhecidos. Nessa festa de Porto Alegre, eu, forasteiro, me convidei a tentar escolhê-los.

Logo me veio a mente o poeta Quintana, morador por tantos anos e que fez conhecido poema sobre ela. Antes, teria que relembrar Eduardo Guimaraens e seu simbolismo quase urbano. Adiante, Fabrício Carpinejar, curto e gentil nas suas pedradas. Na prosa trataria de Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros, José Falero e, meu coração bateria mais que tambor, Moacyr Scliar e seu Bom Fim.

Se pelo futebol fosse, teria sérios problemas com colorados e tricolores, descontentes com a simples menção de um rival, falcões, renatos, fernandões, felipões e companhia. Nada de citar dirigentes e abnegados torcedores, que pululam de heróis a vilões, sem escalas.

E na arte citaria só expoentes ou os amigos. Inicia em João Mottini e Iberê Camargo, nomes conhecidíssimos e laureados pelo mundo. Atualmente, ficaria com Liana Timm – colagens, Pena Cabreira – desenhos, e as pinturas fascinantes de Clara Pechanski.

Até aqui já me cansei de tantos nomes que não foram colocados.

Lembrando que as décadas de 1980 e 1990, as quais não vivi aqui, foram pródigas em músicas e as rádios de então inesquecíveis. Temos também radialistas famosos, que ainda aí estão. Só para lembrar: Katia Suman da Ipanema e Mauro Borba da Pop Rock.

Me estendendo mais do que o necessário, gostaria de homenagear o amigo punk, que gentilmente ouviu meu desabafo. Ou cada uma das pessoas por quem cruzei nessa infinita highway ao anoitecer. Não me esqueço do baixo-astral que me mandou pra cá, tchau. E a triste história contada sob um céu de blues. Só assim pude entender a cidade música de nenhum de nós – amor e loucura na mesma proporção.

Tenho um amigo que diria: menos, guri, menos…

Vou ficar então com uma homenagem que foi feita há pouco para uma personagem incrível que eu desconhecia. Em uma enorme fachada lateral de um comércio na Cebê, foi pintado um mural para a Nega Lu. Figuríssima da cidade, do pouco que sempre teve, conseguiu fazer maravilhas e inspirar gerações. A mim também cabe demonstrar a veneração e o respeito a essa persona incrível que todos os portalegrenses de hoje e amanhã não podem deixar de conhecer.


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