Guy Billout por Rubem Penz

Talvez

Rubem Penz

Desde as pranchas dos navios de pirata até chegar às plataformas das piscinas olímpicas, o trampolim sempre coube aparecer como sinônimo de um caminho único e sem volta. Quando enfim ali chegamos, pressionados pelas contingências (no caso dos piratas com requintes de crueldade), a hora é de saltar. Assumindo a premissa de que o retorno não estará nas opções, a pergunta é: como saltar? Até o aparente sentido único esconde alternativas – no caso do trampolim, 180º de possibilidades. Fiquemos com o caso da piscina: quem não sabe nadar, escolhe saltar de maneira a se manter próximo da borda. A mesma pessoa com o adicional de medo da água, recorre ao lado onde está a escadinha. Corajosos saltam para frente, habilidosos para o alto, prudentes evitam entrar na água de cabeça. Desastrados… bom, para eles pouco importa: seja o que escolherem fazer, o resultado será espetacular. No mau sentido. Mas, e se a água estiver gelada? Este é o caso clássico de arrependimento instantâneo em dois momentos: imediato ao descolar os pés da prancha e, anterior, por ter se colocado no caminho sem volta. O único alívio aparece depois do choque térmico – nosso corpo se habitua e, até, sente prazer. Com isso, passamos para a etapa seguinte: convencer os amigos para subirem no trampolim, também. A metáfora deste salto me faz lembrar de quanta coragem é necessária para darmos o passo para além do chão, da segurança, das certezas. Galgamos a altura necessária e, na hora do pulo, o medo. A incerteza do voo para quem não tem asas, do mergulho para quem não tem guelras, do frio para quem está sem roupas. Haverá redenção? O sucesso nos aguarda, ou o infortúnio? Ah, uma certeza existe: este caminho jamais será trilhado para o retorno, nem que…

Meu caro, perdoe-me a interrupção. Ao final da pergunta, por favor, apenas “sim” ou “não”. Recapitulando, na saúde ou na doença, por todos os dias de sua vida até que…


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