Jefferson Escobar em foto de Jorge Almeida

Torre de Belém

Jefferson José Rodrigues Escobar

O banco, o rio me deixam saudosos. Fico vendo o vai e vem das crianças nos barcos a vela. Lanchas e pássaros. Lembro-me de um outro momento.

Estava com um grande amigo, sentados às margens do Tejo, em frente a Torre de Belém e ele me faz uma pergunta: Você se deu conta que esta era a última imagem que os navegadores viam antes de enfrentar o desconhecido?

Tal pergunta me desestabilizou.

Sim, aquela imagem significava a última imagem de segurança. Dali em diante, tudo era assustador, novo, esperança, inquietude, necessidade de espaço, obrigação, fome ou uma pena. Ou seja, qualquer coisa. Boa ou ruim. Teriam de desapegar-se de Lisboa, da família, dos cheiros, das faces. Trocá-los por monstros marinhos, tempestades, oceanos, sereias enganadoras ou animais exóticos. Grandes rios, sol que queima, florestas exuberantes, frutos diferentes e índias nuas e belas.

Às vezes, precisamos nos despedir das Torres de Belém, porque muito do que nos assusta é fruto da nossa imaginação. Situações possíveis de enfrentar.


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