Galope no céu

Para Alexandre,

que nos deixou cedo numa véspera de Natal

– Mãe, mãe…

[… deixe o rapaz ir agora e depois seguimos até…]

– Filho? Acordou, meu anjo?

[…parece estranho, mas não signi…]

– Peraí, deixa eu pausar aqui.

[…]

– O que foi? Foi pesadelo, é?

– Não mãe. Foi um sonho. O Papai Noel chegava na nossa chaminé, mãe.

– Querido! Sonhos são assim mesmo, meio malucos, né? Não tem problema.

– Não tinha nada de maluco. Ele descia de verdade na nossa chaminé.

– Acontece que a gente não tem chaminé aqui em casa, esqueceu?

– Não é na nossa “nossa” chaminé, mãe. É na nossa chaminé de todo mundo.

– Ai, que lindeza! Estamos com um poeta aqui em casa. Tudo bem, entendi. Dá aqui a mãozinha, vamos voltar pra cama. Amanhã falamos do sonho…

[…]

– Mãe…

– Não, agora chega de conversa. Tá tarde, é hora de dormir.

– Mas mãe, o papai vai voltar, mãe?

– Não, meu anjo… O papai está no céu. Um dia a gente vai lá encontrar com ele. Mas vai demorar um tempão ainda, tá? Um tempão.

[…]

– Mãe, lá no céu tem cavalos?


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