Em mar revolto, noite escura, o peso da embarcação é anulado pela fúria da tempestade.
Vagalhões varrem o convés de proa a popa, bombordo a boreste. Sacodem impiedosamente os costados.
Mesmo marejados, os bravos tripulantes mantêm-se indiferentes em seus postos, nesse incômodo que pode durar horas ou dias.
Repentinamente, tudo se acalma.
O vento transforma-se em uma brisa suave. A imensidão do oceano, em ondas de embalo. O flamante sultão do espaço parece emergir e, à tarde, submergir no abismo profundo das águas. Aves marinhas sobrevoam e indicam sinais de terra próxima. Eventualmente, algum pássaro terrestre, perdido de sua rota, pousa num dos mastros, sua tábua de salvação.
Entre a tempestade e a calmaria manifesta-se a inquietação em saber como alguém interpreta sua visão de mundo: o local onde vive, com quem convive… sua experiência, seu trabalho, desejos. Como assume os dramas da vida e da morte.
Pode-se, ou não, ter a mesma visão. A natureza, no entanto, com todos os seus fenômenos, demonstra sua força e supremacia, fazendo-nos sentir insignificantes.