11 Carla Penz

Trotamundo II

Em viagens, cada pessoa tem um estilo ou modo próprio. Tem as que só querem caminhar e não querem nunca parar para comer; tem as que só querem ir aos cartões postais para ter certeza de que continuam lá; tem as que amam sair para compras, seja em centros comerciais, seja em camelôs; tem as que querem visitar três museus num único dia; tem as que só que querem sentar e beber; e por aí vai.

Eu já fui viajante sem máquina de fotografia. Dizia, à época, que o que importava eram as memórias e que não precisava fotografar… Até que percebi que, tendo conhecido tantos lugares, minha memória iria falhar. Claro que não esqueceria a Praça Celestial, nem o Kremlin, nem o Big Ben. Mas a memória poderia confundir-se com uma cidade do Laos e outra do Camboja, e provavelmente confundiria uma rua de Saigon (atual Ho Chi Minh) com uma de Hanoi, ambas no Vietnã. Então, também por força do advento do telefone móvel com câmeras ótimas, passei a fotografar. E a escrever historietas de viagens no Facebook e no Instagram. Ainda vou escrever um livro contando peripécias de viagens.

Mas, voltando ao início desta crônica, que tipo de viajante sou eu?  Aprendi no Viaje na Viagem com o querídissimo Ric que nenhuma cidade do mundo merece menos do que três dias, e é preferível hospedar-se – seja em hotel, pousada ou apartamento – em local central, que permita caminhadas aos pontos de interesse e também aos melhores restaurantes da cidade. Melhor não significa estrelado, mas comer a comida local com produtos da época, em ambiente acolhedor. Faço paradas estratégicas para almoço tardio e lanche no final da tarde. Se o caso, prefiro abrir mão do jantar. Por diversas razões, uma delas é que, em geral, o passo seguinte é ir dormir. Isso não costuma ser bom para a longevidade saudável, segundo médicos e nutricionistas.

Costumo, também, verificar com antecedência o que há de interessante e onde quero ir em cada cidade, incluídos museus e locais históricos, e trato de comprar os ingressos para não ter o perrengue da fila, que no final de contas significa tempo e dinheiro desperdiçados.

E costumo ir às feiras locais.

Em Buenos Aires, não tem como não ir à San Telmo. Tem restaurantes ótimos ao redor da praça, tem antiquários, tem bugigangas, tem roupas, tem os shows de tango e também de excelentes grupos musicais.

Em Madri, amo a Feria del Rastro. Tem uma miscelânea de produtos orientais, roupas, artesanato, calçados, objetos antigos e velharias. No seu entorno, também há ótimos bares para tomar um copo de Rioja com uma tortilla de patatas ou um sanduíche de jamón de Bellota.

A Feira da Ladra, em Lisboa, também é muito típica, e lá é possível encontrar de tudo, inclusive uniformes militares da época de Mao e das Alemanhas, antes da unificação em 1989. E máquinas antigas de fotografia. Esse, caro leitor, cara leitora, creio que é o meu modo de viajar.


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