Num mergulho, cheguei à margem. Não sei o tempo.
Foi estranho: nadar pouco, percorrer rápido. O mar encolheu. Que mundo é esse? Era tão vasto. Sem esforço, na força do nado, avistei o fim.
Nas minhas escamas ainda molhadas de água salgada. No pousar da gaivota, trazendo a brisa suave e fria. Ainda vejo as cores desbotadas dos corais que ali existiam.
A maré me trazia bolhas coloridas, agora substituídas por emaranhados de raízes e restos.
Dormia ao balançar das águas-vivas. Sombras sem cores, amontoados de plásticos, ali jogados. Tirando o meu Norte. Tragando meus sonhos.
Tudo turvo. Sobras duvidosas, confundindo meu paladar. Devolva-me. O meu mundo tinha tamanho e grandeza. Ele era imenso.
Desejei ter asas, grandes pernas, braços longos, voar longe. Deixar o vento para trás.
Sair dali. Aquele vaso merece flor, não peixe.