Crianças. Meninas e meninos. Nascidas para serem livres como todos nós gostaríamos que fôssemos. É assim que deveria ser. Algumas, em outras partes do mundo, por sorte ou por terem nascido em lugares menos inóspitos ou em países desenvolvidos e ricos, o são realmente. Vivem como pássaros que voam cada vez mais alto para alcançarem seus objetivos; já outras, nem conseguem sair de seus vilarejos perdidos nas florestas.
Falo de crianças tristes com olhares vazios e sem esperança. Sorrisos contidos, sem expressão labial, olhares que refletem a alma machucada pela miséria humana, violência, fome e sede. Medo! Já nascem marcadas para sofrer. Uma vida ingrata e indigna. Prisioneiras de um destino previamente traçado.
Deveriam ser livres como o vento que sopra, como as ondas do mar, como o rio que corre em direção ao oceano; ou como a grama e as árvores que crescem ou como os pássaros que cantam.
Ah, se elas fossem vistas pelo mundo! Tivessem toda a atenção necessária para o desenvolvimento pessoal e intelectual. Quantas coisas boas e positivas poderiam acontecer para transformar o rumo de suas vidas. Há tanta riqueza nesse mundo, mas quase nada é feito por elas ou para elas. A ganância e a fome pelo poder predominam naqueles que deveriam e teriam condições para salvar essas pobres crianças.
Mas são esquecidas. Poucos olham para elas.
Têm uma vida sem muita chance de melhorias. Não há cores para colorir seus dias, tudo é preto e branco. O céu perdeu a cor, a escuridão predomina e a lua dourada perdeu a sua luz. E quando existe alguma oportunidade de enxergar, os olhos ficam opacos, parados e tudo volta como estava. Triste.
Gostariam de seguir seus corações e anseios, mas o futuro é sombrio e sem expectativas, não há nada para fazer. Só resta o caminho traçado pelo destino. A tristeza por trás de seus olhos diz tudo.
O mundo já não mais as surpreende. O sol não aparece mais e as estrelas perderam seus brilhos. Não há sonhos, nem ilusões. Somente o dia-a-dia pesado e sofrido. Fome, sede e desânimo. Vida danada, destino traçado. Paredes invisíveis as impedem de seguir. Olhar vazio. Olhar triste, sem esperança. Meninice perdida, cujo maior companheiro é o imenso oceano de lágrimas contido em seus corações que as afoga lentamente. Prisioneiras de um destino. Nascidas livres para viver a vida. Destino traçado para morrerem lentamente durante suas vidas.