5 Iara Tonidandel

Nosso canto

Os pássaros sempre me fascinaram. São livres e voam para onde querem ou podem. Nunca entendi o prazer que determinado grupo de pessoas tem em mantê-los presos em gaiolas. Talvez a sensação de poder controlar e limitar a vida desses pobres passarinhos seja a razão. Triste destino dessas lindas aves com suas plumagens coloridas, cujos cantos, às vezes, soam como pedido de socorro.

As aves foram criadas com a liberdade de ir e vir alçando voos cada vez maiores. A conversa delas é a música que sai de dentro de suas gargantas.

Em algumas situações somos como essas aves. Aprisionam a gente nas mais diversas formas, quer sejam físicas ou não. Hoje está um pouco difícil em nos considerarmos livres na acepção da palavra. Todos falam que temos liberdade, mas…

Atualmente vivemos trancados em nossas casas, devidamente gradeadas, com alarmes e cães de guarda. O medo de sermos assaltados domina o nosso cotidiano. Os bandidos estão lá fora e nós dentro.

Pior de tudo isso é o cuidado que temos que ter para emitir uma opinião, seja política ou de qualquer outra espécie que contrarie com a dominante. Daí, corremos o risco de sermos taxados disso ou daquilo e, ainda, cancelados de todo o meio social que interagimos.

Temos que andar conforme a maioria assim determina, a fim de que não soframos tanto. O poder da força é grande e ai daquele que tentar enfrenta-lo. Poderá custar sua liberdade sem direito a defesa, apesar de vivemos numa sociedade aparentemente livre para pensar, agir e falar, claro, dentro da lei.  Não é isso que verdadeiramente ocorre. Tornamo-nos policialescos e controladores do que os outros devem ser. Isso não é nada bom. Perdemos a espontaneidade e prejudicamos a criatividade que há em nós. Cada pessoa é um indivíduo independente, com suas próprias opiniões e críticas daquilo que o cerca.

Se alguém agredir, desobedecer a lei ou macular a honra de outros, que seja responsabilizado pelos seus atos, resguardando seus direitos legais. Deveria ser. Sabemos que, às vezes, não é. Infelizmente.

Somos prisioneiros nos próprios lares e não verbalizamos as nossas ideias por medo e impotência. Transformamo-nos em pássaros engaiolados, cuja alegria é o canto da liberdade. Talvez um dia voltem a escutá-lo e possamos voar livres novamente como em outros tempos em que nada nos impedia de gritar.


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