3 Carlos Hirschmann

O mais essencial

Humanos possuem cinco sentidos básicos, conhecidos por todos. São eles o paladar, o olfato, a audição, o tato e a visão. Será que algum desses é mais essencial do que outro?

 

O paladar nos dá a medida do tempero, nos permite sentir os sabores da vida, de uma costela gorda a um brigadeiro, de um suco azedo a um café amargo. A falta dele seria triste, mas, por outro lado, evitaria a gula.

O olfato complementa o paladar. Pode aumentar ou diminuir o apetite. Quem resiste ao cheirinho de café passado, ou do alho e da cebola fritando na hora do almoço! Também há odores que preferimos não sentir. É com o olfato que detectamos vazamentos de gás ou alimentos estragados na cozinha.  Mas sua função mais nobre é sentir o perfume da pessoa amada.

A audição é extremamente importante para o ato de socializar. Pessoalmente, acho que, muitas vezes, não ouvir é uma bênção. Mas é comum idosos irem se isolando da família e dos amigos, porque estão ouvindo mal. Nestes casos, é possível adaptar um aparelho auditivo no ouvido externo. E, para casos mais graves, existe a língua de libras.

O tato nos permite sentir a textura e a temperatura das coisas. Sem ele poderíamos nos submeter a perigos, como queimar as mãos segurando uma vasilha quente, ou ferir os pés caminhando sobre corais. Através dele percebemos maciez ou aspereza nas mãos que nos afagam. É um sentido difícil de perder, uma vez que o órgão sensorial é imenso, a menos que seja por um problema neurológico. Nesse caso, há pouco a fazer.

Por fim, a visão! A meu ver, o sentido mais essencial dos humanos. Sem ela, não existiriam as cores nem as formas. Não veríamos as belezas do mundo, desde o rosto de quem nos cerca até a infinitude do mar. Nem a lua, nem o sol, nem as obras de arte da natureza e do homem. Por outro lado, valorizaríamos mais a beleza interior, ao invés da forma física. Para ajudar pessoas com deficiência visual, inata ou adquirida, foram inventadas as lentes de contato e os óculos. Para casos extremos existe a possibilidade de transplante. E, quando nada disso puder ajudar, pelo menos será possível ler e escrever pelo método Braille.

 

Meu sobrinho nasceu com estrabismo e fez várias cirurgias ainda muito pequeno. Usa óculos desde bebê, o que lhe rendeu muito bullying no período escolar. A partir da adolescência foi libertado pelas lentes de contato. O milagre de ver através dos olhos de outro, no caso de transplante, assim como a alegria de uma criança que pode ver o mundo, com seus olhos perfeitos ou com a ajuda de lentes, motivam uma reflexão acerca da importância de cada um dos sentidos. Todos são preciosos e se complementam, mas eu acredito que nada é tão importante quanto ver.

Uso óculos há muitos anos. Se pudesse ter de volta apenas uma perda da juventude, escolheria, sem dúvidas, a visão. A visão plena e límpida que lente nenhuma foi capaz de me devolver.


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