3 Carlos Hirschmann

Ensaio

Brincar, correr e gritar. Coisas de crianças arteiras e saudáveis. Quem já não foi ou gostaria de voltar a ser? Olhar os pássaros voando, ir atrás deles, implicar com os cães da vizinhança que latem sem parar quando passamos em frente aos seus portões, tocar as campainhas das casas próximas e sair às gargalhadas?

Adoro observar a curiosidade dos pequenos, principalmente em praças, playgrounds, pátio de casa e em aniversários infantis. Até hoje não compreendo a razão deles correrem tanto. Nem adianta me perguntar porque já faz muito tempo que fazia o mesmo…então, não me lembro. Insisto. Para onde imaginam que querem ir? Que mundo fantástico é a infância!

A imaginação corre solta na mesma proporção da velocidade de suas pernas. Não temos ideia para onde as crianças se transportam nesses momentos. Às vezes parece que estão num voo à uma liberdade mágica que não entendemos. Talvez o vento em seus rostos e a sensação de deixar tudo para trás e simplesmente correr por correr já seja suficiente para se sentirem felizes. Somente elas e seus companheiros possuem uma linguagem própria para isso tudo.

Se por um acaso você for vô ou vó e quiser participar da brincadeira, cuidado. Nem sempre as crianças gostam de interferências de adultos. Somos grandes.

Em primeiro lugar deve ser convidado para não atrapalhar ou desconcentrar as crianças. Elas estão usando toda a criatividade lúdica e, nesse momento, você é apenas um estranho para a gurizada. Não importa quem você seja.

Em segundo lugar, tem que ter um bom preparo físico para aguentar o “tranco”. Correr sem parar, brincar de pega-pega, lobo ou monstro na floresta; pular, subir em árvores e receber socos e pontapés, mesmo de mentirinha, não é para qualquer um não.

Mas que é bom é! Nessas horas voltamos a ser crianças. Há um sentimento diferente em nossos corações. Voltamos um pouco ao passado. Por essas e outras que gosto de brincar com os meus netos. A inocência deles e a pureza de suas atitudes me encantam, esqueço as preocupações e procuro encarnar a personagem que eles inventam para mim, quando me convidam, é claro!

Há momentos em que ficam soltos, correndo sozinhos com seus amigos invisíveis, tentando pegar os pássaros que pousam na grama verde do meu quintal ou que cantam nas árvores. Deixo-os à vontade. Olho para eles com muito amor e carinho. Suspiro. Afinal, são crianças. Ensaio para a vida.


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