Ilusão

Gosto de fotografia desde que usei uma câmera pela primeira vez. É um truísmo. Sou eu e centenas de milhões de outras pessoas que devem gostar. Acho que faz parte de nosso ser, como primatas evoluídos, usar essa tecnologia que é, também, uma espécie de espelho.

O primeiro registro feito de mim foi aos onze meses de vida, dando os primeiros passos, no Parque Farroupilha, ao lado do Instituto de Educação.

A primeira vez que usei uma câmera foi na também primeira viagem que fiz a Gramado, em uma excursão da escola. Era 1981. Resgatei a Kodak Instamatic 155X da minha irmã que andava meio jogada de lado. Uma câmera super-amadora, com poucos recursos, que usava filmes que vinham guardados em um cartucho. Amadora, básica mas deu à luz a mágica. Ao menos para mim naqueles dias.

Alguns anos depois, comprei minha primeira câmera. Foi em uma loja de usados que havia na segunda quadra da Rua Vigário José Inácio. Essa loja já não existe mais. Assim como já não existe mais a loja da Mesbla na Voluntários da Pátria esquina com a Coronel Vicente. Foi nessa Mesbla que tive um dos grandes traumas em relação à fotografia. O limite de crédito que a loja me concedeu era insuficiente para adquirir o flash que eu queria comprar.

Em 2004 adquiri a primeira câmera digital.

E em 2008 fiz minha primeira, e única até agora, viagem à Argentina. Levei câmeras de filme e digitais. Lá, em um passeio ao Tigre, na região metropolitana de Buenos Aires, em dado momento usamos um trem. Chovia. Fotografei uma janela tomada pelas gotas de chuva. Atrás do vidro molhado uma velha caminhonete amarela com adereços da Coca-Cola ficou registrada.

Bem que poderia ser uma montagem com um vidro molhado, e um brinquedo. Mas não era.


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